24 de julho de 2009

Inside of a beautiful mind

Conhecer “Uma Mente Brilhante” fascinou-me, cativou-me de uma forma inesperada. Prendeu-me de tal modo, que por momentos pensei encontrar-me dentro da acção, a viver aquela experiência, a ver John Nash delinear o infinito com uma simples bicicleta. A sua personalidade irreverente marcou logo o início da fita, criando no espectador uma empatia difícil de explicar. A admiração que se sente pelo génio é tão forte que quando ele sofre, nós sofremos; quando ele derrama uma lágrima, nós também o fazemos, instintivamente.
É curioso observar o talento de Nash para ir ao fundo das questões, destruir teorias de Economia com 160 anos apenas observando a melhor forma de conquistar uma loira. Outras teorias igualmente complexas foram refutadas e humilhadas apenas com os simples traços de lápis branco numa janela do dormitório da Universidade de Princeton. O seu mais profundo sentimento foi despertado por uma aluna, Alicia, que resolveu elegantemente um problema que, segundo ele, “poderia demorar um mês a ser resolvido por alguns, mas para outros poderia demorar uma vida”.
Pouco tempo depois casaram-se e tiveram uma vida conturbada, apesar de nunca terem deixado de se amar. A esquisofrenia de Nash, que até então não tinha sido diagnosticada, piorava com a idade e com o stress. Nash alucinou de tal maneira, que pensou estar a ser ameaçado por Parcher, um membro do Pentágono que o chantageava para descobrir códigos deixados por espiões soviéticos. Impossível negar o talento de John para desvendar códigos, uma vez que era paranóico por padrões: chegava a encher salas com revistas cortadas, que preenchia freneticamente com cálculos. Porém, tudo era uma alucinação e Nash sucumbia nitidamente. O seu melhor amigo, Charles, e sua respectiva sobrinha eram igualmente uma ilusão. E o génio sofria amarguradamente.
Foi internado à força num hospital psiquiátrico, onde o amarraram impiedosamente com cintas a uma cama para lhe dar choques eléctricos. Passado algum tempo, regressou a casa com ordens para seguir uma extensa medicação. Tomou-a durante algum tempo, mas tal impossibilitou-o de resolver problemas matemáticos. Isto mexeu tanto com ele, que foi como se lhe arrancássem a vida a sangue frio. O seu filho nasceu, entretanto, e ele mostra-se de uma indiferença brutal. Podemos mesmo ver uma cena em que ele está com o bebé a berrar, ao colo e encontra-se a olhar para o infinito mergulhado numa tristeza inexplicável. Foi desde esse dia que, sem Alicia saber, deixou de tomar os medicamentos. As ilusões começaram novamente, envolvendo sempre as mesmas personagens: Parcher, Charles e a sua respectiva sobrinha. Estas personagens eram tão reais para John, que chegou a deixar mesmo o seu filho entregue a Charles. Se Alicia não tivesse chegado a tempo, o bebé teria morrido, pois este tinha ficado deitado na banheira, que enchia incessantemente de água.
Alicia já não aguentava mais, chorou a sua angústia, berrou o seu ódio. John pediu-lhe para que ela fosse para casa da mãe com o bebé pois não queria magoá-la e tinha medo que a sua doença o levasse a fazê-lo. Apesar de tudo, a sua mulher não o vai abandonar, e dá-se uma das cenas mais tocantes da trama.
Nash não voltou a tomar medicamentos, mas aprendeu a conviver com a doença. Despediu-se das suas ilusões pedindo desculpa por não poder mais contactar com elas, mas que seria melhor assim para todos. E John, perseverante, aprendeu com sucesso a ignorar as encarnações da sua imaginação.
Com uma grande força de vontade, pede para desenvolver um trabalho em Princeton. Ofereceram-lhe um gabinete, ele quis uma Bibioteca. Aí, aperfeiçoava espontâneamente a arte de ensinar, uma vez que alguns alunos da Universidade o iam admirar e consultar. Chegou mesmo a ter interesse em dar aulas, coisa que sempre detestou.
Em 1994, recebe o prémio nobel da Economia. Faz um discurso emocionante, em que relaciona a lógica e a razão com o amor. Dedica o prémio à sua mulher que o observa, orgulhosa.
Este filme, baseado numa história verídica, extremamente bem realizado por Ron Howard e maravilhosamente interpretado por Russel Crowe, mostra bem a importância da força de vontade na solução de problemas que nos parecem insolúveis. Revela de uma forma subtil e afirmtiva ao espectador que até os melhores entre os melhores têm amarguras e problemas, enxendo-nos de esperança. Nash tinha um medo paranóico em errar, sempre teve ambição e altas espectativas. E quem nunca teve medo de errar ? Quem nunca ambicionou nada na vida ? Mais do que um filme, uma trama, uma intriga, é uma lição de vida.
Nunca devemos esquecer que com perseverança, tudo é alcançado, principalmente quando se tem alguém do nosso lado que nos apoia e que nos prova que “a resposta pode não estar na mente, mas sim no coração”.

“The only thing greater than the power of mind is the courage of the heart”.

5 comentários:

Bárbara disse...

Tens postes maravilhosos. :)

Beijo *

Di ,' disse...

Nunca vi mas da forma que falaste , é maravilhoso *-*

Di ,' disse...

Oh , isso não importa nada .
O meu filme preferido , é antigo , tem anos :$
Obrigada :)

sribeirodasilva disse...

Eu vi quando ele saiu, no cinema. É um dos melhores filmes que já vi na minha vida, é excelentemente bom.

Marta Monteiro disse...

Vi esse filme nas aulas de Filosofia e não posso concordar mais contigo. Está extremamente bem conseguido, tanto que nos faz sentir como o próprio John. Faz-nos ver a realidade que só ele via e faz-nos sentir todo aquele desespero e sofrimento pelo qual ele passou, depois da descoberta da doença.

É, sem dúvida, um dos meus filmes preferidos.