24 de julho de 2009

O sentido da vida

No final do ano passado, mais precisamente no Réveillon, tive uma surpresa. Ver Gato Fedorento é delicioso, ver Gato Fedorento repetido é saboroso. No entanto, descobrir que não sabíamos da existência de um sketch brilhante é deprimente e deplorável. É que se ainda fosse um sketch meio pálido, ainda escapava. Mas uma obra desta categoria não se perdoa. O começo é giríssimo e passo a citar :
- Oh papá, quantas pernas tem uma galinha ?
- Sei lá quantas pernas tem uma galinha puto ! Não me faças perguntas complexas que me faz dores de cabeça.
- Então, oh papá, qual é o sentido da vida ?
- O sentido da vida, éééé... toma nota: NENHUM. Não tem sentido, por isso o que tu tens de fazer é o seguinte (...).
Segue-se uma música hilariante com uma letra maravilhosamente mórbida. O nome do momento musical é ‘Rústicos pelo Epicurismo’. O seu intuito é comunicar aos comuns mortais, assim como quem não quer a coisa, que ‘vamos todos falecer, patinar, bater as botas’. Eu ri-me imenso quando li a letra, mas sobretudo sorri porque tudo aquilo fazia sentido (por estranho que possa parecer).
Afinal, qual é o sentido da vida ? Alguns acreditam piamente que nascemos para servir a comunidade, ou seja, para exercer uma profissão que permita ajudar quem mais precisa. Desta forma, somos inacreditavelmente úteis e a nossa vida ganha sentido.
Outros acreditam que a vida é como uma caixa de chocolates sortidos: o sabor que iremos sentir ao deglutir o doce depende da escolha que fizemos anteriormente ou das escolhas que vamos fazer a seguir (sim, muito Forest Gump).
Apesar da controvérsia gerada em torno deste assunto, houve desde sempre uma preocupação em decifrar o suposto enigma.
Como não podia deixar de ser, tudo começou a ser interpretado e desvendado pelos filósofos. Muitas teorias foram formuladas e muita saliva foi derramada. Contudo, apenas o Epicurismo consegue traduzir um ideal que quase nos transcende apesar da sua nobre simplicidade. Foi uma doutrina criada por Epicuro no século V a.C. e que tem como definição: ‘Forma de viver daqueles que procuram o prazer, desagregamento dos costumes’.
Traduzindo: Ignora aquilo que os outros querem que sejas, elimina as regras e os dogmas, ignora o que ‘tem que ser’, rasga as preocupações ! Vamos falecer portanto sê feliz à tua maneira. Solta o teu ‘eu’ aprisionado à muito devido às pressões sociais. Acredita, a tua vida ganhará sentido num abrir de fechar de olhos. Não sejas um modelo, mas sim um molde ! Segue em frente e, boa sorte :D
Bem, parece que me acabou a inspiração se é que algum dia a tive. Exprimir o que sinto é algo que me é inerente; Beneficiar da propriedade não-falante do computador/papel é algo catártico, talvez.
Tornar-me-ei de hoje em diante, uma adepta incondicional do Epicurismo. Será que serei praticante ? O futuro o dirá.

1 comentário:

Daniela disse...

A nossa vida só terá sentido no dia em que a fizermos à nossa maneira, no dia em que as crenças deixarem de existir, as ideais pré-concebidas, os ideais que nos são incutidos desde de nascença. No entanto, livrarmo-nos de tudo isto que nos faz Homens sociais é difícil e são poucos os que conseguem aproveitar verdadeiramente aquilo que a vida oferece. Os outros apenas ficam na expectativa de encontrar tais recompensas após a sua passagem por este Mundo.


Adorei o texto, vou seguir (: *