17 de novembro de 2010

O Outono da Vida

Um novo aroma perfuma o ar. É um odor inconfundível - cheira a nostalgia. Enquanto as minhas narinas se deliciam e a saudade inevitavelmente me invade, ouço o estalido envergonhado das folhas secas que vão cobrindo o solo, uma a uma. Caem, molemente resignadas, numa fina melodia, dançam e rodopiam, deixam que a brisa as conduza e as domine. Caem, com o seu tom amarelo - sangue, muitas vezes ainda com vestígios da cor verde que outrora as vestia. Caem, e como pano de fundo deixam visível um quadro realista com o céu pintalgado de azul e cinzento e com árvores parcialmente despidas, com ar melancólico. Caem, embebidas num vento que ainda é criança, que traz consigo o calor abrasador do Verão, o arrepio gélido e a austeridade do Inverno. Chegou o Outono.


Estação que sucede ao Verão e antecede o Inverno; época que une, inconscientemente, o antes e o depois, o que foi e o que será, o passado e o futuro. A prova disso é que as folhas caem. Caem para que a árvore possa poupar energia e sobreviver nos dias gélidos que se avizinham. E é por isso que este órgão vegetal, no passado, verde e laminar, agora se encontra decadente, cor de sangue, findando a sua passagem para dar lugar, no futuro, a novos elementos, novos pedaços de vida que irão preencher a árvore-mãe.

O ser humano é, nada mais, nada menos que uma mera folha jovem que vai crescendo e se vai desenvolvendo. Passado o fulgor da juventude, vai coleccionando marcas várias de velhice. Um dia, incerto, desfalecerá e o seu corpo tombará para dar lugar a um outro ser que nascerá, jovem e resplandecente. A nossa passagem é breve, fugaz. As folhas que caem evocam isso mesmo – o Outono da vida. ~


5 comentários:

Reptil xP disse...

adorei o teu texto +.+ esta lindo, tens uma capacidade inapta de te expressar tão bem *.*
gostei mesmo!
beijinhos

jorge alte disse...

Gostei muito deste teu texto.
O outono da vida não será necessário a decadência mas sim a mutação.
Tal como as folhas vamos mudando mas sempre com um sentido de vida crescente pois que passada essa fulgurante juventude onde vivemos o amanhã no ontem, passamos a ver o mundo as pessoas os sentimentos com mais objectividade a compreendê-los e a saboreá-los.
Claro que a luz vai esmorecendo se deixarmos mas se mantivermos um espírito jovem e nos interessarmos por tudo o que os dias nos dão conseguiremos percorrer esses longos caminhos até a luz se apagar.

bjs

jorge alte disse...

olá
obrigado pelas tuas palavras

posta mais D:

bjs

Auíri Au disse...

Sempre bom vir aqui.
Danço nas suas palavras.
Voltarei.
Amores de verão não duram mesmo...
Hihihi
Beijos

amarela disse...

Queridos/as seguidores e leitores, preciso da vossa opinião sincera.

agradeço imenso.
e BOM ANO NOVO 2011 :D

beijinhos.