Desço a ravina aos solavancos e um cheiro doce a uvas maduras desperta-me os sentidos. Folhas secas povoam o chão e eu sigo o meu percurso de memórias guardadas. Ao longe, ouço o som abafado de conversa de vizinhas pautada pelo murmúrio das aves. Há maças caídas no quintal, galinhas a esgaravetar, um cão que ladra de saudade, uma sardanisca no muro, um gato vadio ao sol.
Verde, amarelo, bege e azul são as cores que preenchem esta paisagem bucólica dominada por uma discreta pacatez tão característica. As árvores deixam-se levar pela brisa suave, quente. Eu também. A melancolia invade-me aos poucos, como se pedisse permissão para levar cada pedaço meu. Sinto-me livre, despreocupada. Como se esta ambiência me levasse para bem longe e me enchesse a alma de sossego. Mas outrora não era assim ...
E a descida íngreme continua, ladeada por ervas daninhas donas de uma beleza única e rebelde.
Fecho os olhos. Há coisas de que não me quero lembrar. E entretanto sinto o aroma leve de despedida. Aroma de infância perdida.
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3 de outubro de 2011
28 de setembro de 2011
Nostalgia do meu bem perdido - 1
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avós,
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saudade,
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Caminho pelas pedras gastas da calçada. Cada uma delas traz uma memória à minha cabeça. Caminho lentamente com a solidão, com a mente embebida em sonhos, rercordações, pedaços de mim que se perderam há muito tempo. Ao pisar as pedras da calçada, tudo se reúne novamente, como se o meu interior fosse um colar de pérolas que quebrou.
As pérolas esparsas vão-se juntando. Ganham um brilho enternecedor. E os olhos enchem-se de lágrimas e um sorriso é pintado nos lábios.
E eu que caminho aos solavancos pelas pedras cinzentas, imundas e gastas da calçada olho em frente com o coração a bater velozmente. Contemplo o rio. E quantas lembranças me traz.
Inspiro profundamente. De imediato, o meu olfacto delicia-se com um aroma tão característico. Cheira à casa da avó. Cheira a eucaplito, a cebola de refogado, a praia fluvial, a uvas maduras, a ervas daninhas, a flores de mil cores. Cheira a infância.
As pérolas esparsas vão-se juntando. Ganham um brilho enternecedor. E os olhos enchem-se de lágrimas e um sorriso é pintado nos lábios.
E eu que caminho aos solavancos pelas pedras cinzentas, imundas e gastas da calçada olho em frente com o coração a bater velozmente. Contemplo o rio. E quantas lembranças me traz.
Inspiro profundamente. De imediato, o meu olfacto delicia-se com um aroma tão característico. Cheira à casa da avó. Cheira a eucaplito, a cebola de refogado, a praia fluvial, a uvas maduras, a ervas daninhas, a flores de mil cores. Cheira a infância.
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