Estação que sucede ao Verão e antecede o Inverno; época que une, inconscientemente, o antes e o depois, o que foi e o que será, o passado e o futuro. A prova disso é que as folhas caem. Caem para que a árvore possa poupar energia e sobreviver nos dias gélidos que se avizinham. E é por isso que este órgão vegetal, no passado, verde e laminar, agora se encontra decadente, cor de sangue, findando a sua passagem para dar lugar, no futuro, a novos elementos, novos pedaços de vida que irão preencher a árvore-mãe.
O ser humano é, nada mais, nada menos que uma mera folha jovem que vai crescendo e se vai desenvolvendo. Passado o fulgor da juventude, vai coleccionando marcas várias de velhice. Um dia, incerto, desfalecerá e o seu corpo tombará para dar lugar a um outro ser que nascerá, jovem e resplandecente. A nossa passagem é breve, fugaz. As folhas que caem evocam isso mesmo – o Outono da vida. ~