Hoje tudo o que em mim sente, dói. Tenho medo, estou triste. Costumo ficar assim quando não sei o que fazer, quando não sei como dar a volta por cima. Respiro fundo para tentar que um breve fluxo de optimismo me percorra todas as terminações nervosas do meu corpo. Mas não passa daquilo que é mesmo, breve. Vou apanhar um pouco de ar fresco e reparo que pequenas, minúsculas, gotas de chuva caem na minha pele. Sinto-me, por alguns momentos, liberta de tudo e de todos mas também é só por alguns momentos. Doi-me os olhos de ver, a cabeça de pensar, o corpo de viver e o coração de amar. Às vezes quero desistir mas logo me arrependo. Sou forte o suficiente para que todo o meu interior se desfaça em bocados vezes sem conta e que se volte a reconstruir. Tenho receio das cicatrizes. Só desejo que as horas se transformem em segundos. Mais nada.